quarta-feira, 3 de novembro de 2010

E Depois?

Sempre me considerei uma pessoa plenamente normal, em paz e equilíbrio com tudo e com todos.
Tenho os meus defeitos é verdade, alguma teimosia, mas ninguém me pode acusar de não ter coração ou de não ser amiga dos meus amigos.
 Já tive ao longo do meu percurso algumas crises existenciais admito, mas, e quem de verdade nunca as teve?
 Já me isolei do mundo na fase mais complicada da existência de uma pessoa, a adolescência, a verdade é que nem me lembro de ter passado por ela, pela responsabilidade de adulto que me auto-incuti, fui abandonada pelo mundo nessa fase tão especial de todos nós, magoou, mas não fez de mim uma pessoa mais fraca, mas antes pelo contrario, deu-me força e visão de escolha nos meus caminhos.
 Tive a melhor infância que poderia ter tido, e por vezes quero tanto refugiar-me nessas lembranças em que tudo era puro e ingénuo, e paro para pensar onde estão esses bocadinhos de gente que fizeram parte dessa época tão particularmente feliz da minha vida?
 Não encontro resposta... não está lá nada... ninguém. A única coisa que me faz ter certeza que vivi aquele tempo para além das lembranças vivas na minha memoria, é uma árvore plantada no dia mundial da árvore na 3ª classe, era apenas uma singela plantinha numas pequenas mãos na altura, hoje e cada vez que lá passo não evito a nostalgia de parar, suspirar e deixar correr algumas lágrimas, junto à árvore, que o aumento da dita escola ainda não deitou a baixo.
 O que existe de errado comigo?
 Não sei mas vejo que o mundo é diferente de mim, ninguém chora, ninguém pára para pensar, ninguém tem mais um coração que bate... e os que ainda o fazem são uma parcela tão pequena do mundo, que sinceramente me assusta ter que cá andar a tropeçar com gente vazia de alma.
 Conheço muita gente, mas, de verdade poucos me conhecem do meu ser mais intrínseco, falam... falam... Por vezes quando falam de mim, sinto-me a deambular sobre um imenso vale sem espaço que me deixa claustrofóbica.
 Há dias falando com um amigo perguntava-me mas porque andas triste?
 Tu tens tudo o que qualquer homem sonha numa mulher, és inteligente, sociável, humilde, sabes estar perante as situações, és uma pessoa genuína, pura, uma lutadora nata pelas coisas que acreditas, o que se passa para andares assim?
 Olhei para ele e queria refugiar-me no apoio das suas palavras de animo, e responder-lhe como sempre com uma das minhas piadas tontas de quando fico sem saber o que dizer, mas não consegui, apenas sinto que nunca estarei a altura... de ser eu mesma!
 Quero tanto olhar para o futuro e ver que o chão que piso é firme sem balanços nem buracos, não me importa como me vêem os outros, importa-me como me vêem aqueles olhos especiais que tanto me deixam sem rumo nas escolhas perdidas que faz.

Sem comentários:

Enviar um comentário